segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Porque Será que os janeiros nos fazem mais descrentes do que de fato éramos ou é só uma sensação niilista assageira típica da minha idade?.
Ontem foi dia de natal e eu não tinha fé porque havia fome nas ruas e havia gula à mesa, porque havia frio na calçada rica da cidade cinza e enquanto um morria de amor outro se masturbava sem remorso e porque a vida é a profecia de Zaratrusta sem super homem e com o eterno retorno.
Quando os anos findam as promessas surgem, tudo o que de fato não faremos é planejado com uma certeza cega de que não cumpriremos.
Nostalgia boba do que nem tivemos.
O Trianon fica mais iluminado e os casais são fotografados. Ali próximo a estação de metrô Luzia pensa em Carla e não entende o porquê dela ter agido assim de forma tão estúpida, lembra dos segredos ditos e ouvidos nas tardes de segunda-feira, no café da esquina. Milhares de homens na cidade e Carla deu logo pro Bento,” Bento é meu”, pensa enquanto esbarra nas pessoas que vão cegas em direção à estação.
Parou numa farmácia comprou uma barra de chocolate amargo e saiu sem esperar o troco, seu celular toca, é a Carla mais uma vez. Hesita, evita e no último toque não resiste, atende e dispara:_Você é uma vaca, o Bento Carla?!.Desliga ,guarda o chocolate na bolsa. Entra no boteco da esquina e pede vodka. Desliga o celular e oferece olhares de promessa pros homens que a observam. Já sem saber que cédula entregar no caixa resolve ir pra casa e segue pra estação onde decide nunca mais confiar segredos às pessoas.
É sábado e Luzia tem a boca amarga e a cabeça pesada, mais o que mais dói em nela é o buraco no peito.
Há flores na sala e um bilhete dizendo;”Meu amor é seu,eu tava bêbado e ela também,me perdoa amor”.
Luzia liga pra Bento, vão ao shopping, comem um lanche feio e frio,têm uma conversa quente e nervosa e entre flores e pulseiras Bento trás uma aliança e Luzia dá o sim, à noite Motel e no resto da vida cinismo.
Fingem confiar um no outro e a vida parece uma coisa boa porque tem as flores como desculpa e um motel como perdão. Luzia agora compra chocolates com regularidade nas sextas em que o Bento se demora no trabalho e lembra com certo aperto no peito por que não ficou no bar naquela noite e abriu as pernas pros homens que a desejaram. Como a resposta não chega, hesita e todos os dias vai pra estação de onde nunca mais saiu e é feliz, acredita.

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