segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Frutas...

Ontem foi dia de feira e as frutas podres ainda estão sujando a calçada, ontem foi dia de sábado e a moça triste assistiu a novela e dormiu imaginando uma transa demorada e selvagem com o rapaz da padaria, mas adormeceu lendo um livro de auto-ajuda que não a ajudou, não tanto quanto o rapaz da padaria teria ajudado.
Ontem falaram no jornal sobre a legalização do aborto e no mesmo instante uma moça gemia com dores, lágrimas e sangue. Aborto acontecendo num banheiro público de uma rodoviária no interior do Acre. Uma senhora gorda e católica dizia de como a legalização do aborto trairia os valores morais dos bons cidadãos brasileiros e enquanto isso sua filha Isabele transava na sua cama com Luís Eduardo, 20 anos mais velho que ela.
Ontem eu terminei de ler o livro preferido do meu ex-amor, fiquei pensando de como eu não me interessava por sua leitura, falávamos do assunto comum do jornal, o aborto era o tema enquanto eu comprava camisinhas na farmácia do bairro. Nos últimos dias pensei em parir e abortei essa idéia por medo. Melhor diminuir as dores da vida e a existência dói. Fazer e parir alguém deve de ser a alegria mais assustadora que se possa ter enquanto mortal findo.
Ontem ela me ligou pra rir de minha dor, eu era vilã da minha estória e quase acreditei que tivesse fim nossa crônica suja de cidade alegre e tintas cítricas e mornas de um passado esquecido como objeto no achados e perdidos de uma rodoviária no interior do norte ao norte.
Fiz um pacto de não amor com todos os corpos que se deitam comigo porque difícil é saber o que é amor quando se tem muito tesão de fato e tão dolorida como uma dor de amor é a saudade de um corpo amigo cúmplice e já conhecido.
Tenho tempo pra admirar o sol quando há sol, ando pensando em decorar poesias eróticas pra apimentar o jantar enquanto troco o café por cachaça, não sei ainda como trocar de amor e penso que isso é o ingrediente que falta pra minha receita render várias porções e é por isso que não há jantar em casa quando chego nunca estou e então só pipocas e café, que se tenha amor. O amor é uma formiga, o amor formiga e formicida. Amor é um prazer involuntário e sexo é o contrário, voluntário.
Separar amor de sexo é uma das coisas mais inteligentes que os homens fazem com mais freqüência do que nós. Não que não façamos, sei, mas pensamos muito pra fazê-lo então essa tensão involuntária atrapalha um pouco.
É prático demais pra ser feminino, somos de assuntos mais densos e sexo é fácil demais pra que nos interessemos em separá-lo do amor, isso não é bom, é nosso e não sei como mudar só sei que não é prático nem útil uni-los dessa forma a ponto de ter uma unicidade ideológica que lemos em romances melosos, eu sei de como está intrínseco em nossas crenças de açúcar, no entanto nem tudo que nos é natural é bom.
Por isso meu pacto tem como meta meter na minha cabeça que amor é uma coisa diferente em física e metafísica de sexo e nem sei de que me servem de fato hoje nem um nem outro, mas para melhor entendimento separá-los primeiro essa é a meta pra matar o mito feminino e entender melhor os meninos em sua praticidade desinteressante e útil.
Por que há partos, porque há sangue e não é pratico ser mistério e não é fácil ter amor e peitos com leite e vida com arroz, feijão , sangue e TPM. Ser mulher é ser tudo ao mesmo tempo e não há mistério maior.
Temos o prazer e a vida entre as pernas, e quem não quer carinho e cuidado? essa tal liberdade feminina de que se fala na T.V.? A única liberdade é de abrir as pernas e se sentir moderninha por ter um direito ancestral, primitivo, animal e comum.”As possibilidades de felicidade são egoístas” já cantou o amado Cazuza. É uma grande mentira esse papo de liberdade porque há a entrelinha do preconceito.
O que é sexo pra quem sabe que pode ter bem mais? porque qualquer um consegue orgasmo sozinho com um pouco de prática. Insisto em dizer que é bobagem porque há mais metafísica na nossa cabeça do que em todos os mantras hindus e também porque precisamos de densidade e teatro , nossa bipolaridade quer ter numa noite uma performance sexual tão perfeita como uma puta experiente e uma vontade de ser mãe tão pura como uma virgem e por isso enlouquecemos os homens e temos razão de certo mas nosso raciocínio é oblíquo e não há pensamento mais reto do que um pensamento masculino .

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