segunda-feira, 28 de maio de 2012


               Eu queria tanto matar você...E  depois eu secaria seus lábios sujos de sangue com a crônica do Arthur Távola, aquela que eu lia quando você estava de TPM, que dizia: namorar é “ficar horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos”, Maria eu olhei demais, porque você não me solta? Tanta gente para eu transar, eu já fui tão substância, essência de afeto, eu minto, eu quero tanto ficar comendo pão de mel, eu tomaria chá mate gelado por você. Eu deixaria de tomar café, mas mesmo assim você foi  embora.
               Eu  joguei nossas coisas no lixo, joguei mesmo. Você é uma puta, eu te amo, você é uma puta linda, eu fui uma puta. Tão diversas, eu nunca mais vou mentir enquanto bebo, eu nunca mais vou sair sozinha e ficar com medo das moças, e fugindo dos rapazes, Maria nós morremos sem luxo nenhum, como naquele samba que você não conhece , como trezentos e sessenta e cinco dias sem você saber de mim. Eu nunca li Rubem Braga para você , não houve tempo e o  Michel te dava ciúmes , eu achava graça, mas eu lia, eu amei quem eu quis sem você, você me oprimia , eu não sei amar, eu assusto, não sei medir, eu transbordo, eu transbordo Maria. Eu vou transar até o cansaço me fazer te esquecer, eu vou ler tanto até ter cansaço e não sair com ninguém, vou mentir para os meus amigos, vou parir anjos, transar num palco bacante.
               Eu vou te fazer entender que eu me perdi, vou quebrar seus dentes, arrancar suas palavras sujas, quebrar sua mão e cuidar de seus filhos porque você seria uma péssima mãe. Vou usar uma maquiagem pesada, um batom vermelho e aparecer nua na porta da sua casa, invadir sua nuca, puxar seus cabelos e transar com você até você lembrar quem éramos, Eu vou morrer na sua frente, no seu corpo, para você saber o que É o fim.
           Vou deixar o trabalho, os estudos, o giz, a caneta bic azul, vou pro litoral fazer fumaça , vou mentir para as pessoas e dizer que eu quero ir pro interior, vou dá para todo mundo que quiser , eu vou sair de casa, vou trocar as cores, antes eu vou matar você porque eu te amo, ainda que isso me atrapalhe sexualmente , me perturbe psicologicamente, e me faça acordar diariamente. 
Maria?

domingo, 27 de maio de 2012


                                                                      !!!


               Seu cheiro é de amora? Limão? Madeira? Eu esqueci dos lugares que costumávamos ir, de como era mesmo seu semblante, de como era nossa transa, de sua cores preferidas. Eu ando tão responsável ultimamente ( o que não me alega muito), falo pouco ultimamente ( o que me alegra demais). Quis lembrar seu semblante, pois perguntaram de você pra mim.
             Será isso lucidez? Porque a distância das relações ( sexualmente isso é péssimo) me faz enxergar traços impossíveis de serem vistos de perto .Envolvimento com o todo, agora, é uma desconfortável. O prazer do óbvio às vezes traz  um cansaço que nem sei dizer. Mas ainda tenho humor, isso tenho, quanta vida há nas ruas, sei que o recorte, a fotografia, esse meu olhar tem alguma ternura, ainda. No entanto , essa lucidez cega, em noites assim, essas  de lua bonita, eu costumava lembrar sua feição , de um boteco , daqui,de uma rua onde nem me reconheço, eu desconfio de tudo: os   corpos em conflito, o gozo,  a saliva . A minha calma ainda quer um olhar terno, não é uma frescura medieval e platônica. Suponho, com toda minha ignorância às ciências, que o corpo tem outras vontades além da mecânica, essas vontades que nos eternizam.
            À parte seu cheiro e seu semblante, eu bem sei o tanto , o bucado, o punhado de eternidade que você remexeu em minha alma, inconsciente, vida...Mas como é seu semblante?
Eu esqueci...
E agora?
Beber sem memória é esquisito.
              

?



Entre um gole de cerveja e outro, sua língua invadiu minha boca.
Você não estava, amor.
Entre uma palavra e outra, sem querer suas roupas invadiram meu quarto.
Você não estava, amor.
Entre o tesão e o gozo, havia, ainda, outra forma de morrer de fome.
Você não estava, amor.
Entre abrir os olhos e fechar , o dia passa.
Você já esteve?
O Esteves abriu a Tabacaria, eu abri o livro do Pessoa e morri de fome!

quarta-feira, 9 de maio de 2012


                   Os dias mais claros!



              O outono me abraça, esses dias claros, tão cheios de prazer. Meus passos calmos na direção da rotina. Os cafés ,  os olhares cansados  nas padarias, meus livros cheios de rabiscos e sujos de café,  caneta azul no cabelo, lápis com borracha na ponta. Escritos,  rabiscos, datas, músicas, tópicos, final de livro, capítulo denso de história póspensadaantesdita, giz sujando meu jeans , a lousa me pedindo traço, o espaço me pedindo som, eu pedindo calma, com pressa de música  na madrugada, de transbordamento da linguagem em íngua. Cálculos e rótulos tingindo a rotina, tangendo o lirismo do primeiro café, do rabisco de lápis. Sinal, faixa, escada, seta, cinto,  falta olhar, horizonte, através da janela a lua morre,o sol nasce e giz de cera não desenha mais tempo e espaço, laço e cama, sob o código do discurso falta amparo crente para dizer de minha  vontade, tudo é cria, criação, riso largo. Afeto é um transbordamento da vontade em abraço,  corpo entregue ao abraço , o outro, em sua posição de estranho, é hipótese de conflito.
               A vida dança mais colorida, de cachecol,  os cafés são mais fortes no outono e a saudade é um calmante pra esse arrepio desmedido que o outono me traz em todas as manhãs, quase madrugadas, vendo a lua alta e nua. Refaço meus passos e penso na vida como espaço de um eterno gozo, conflito-aflito ,vivo! O viver impera. O impulso é: o devir. A rota: o transbordamento. A hipótese: o conflito. A ponte: o corpo e a sua possibilidade de imensidão.