segunda-feira, 6 de julho de 2015

Bora ser feliz?!


          Dias rasgados de sol, mesmo quando esfriou e no jornal deu que era a tarde mais fria do ano. De mãos agarradas no teu seio e na tua mão, adormeci sonhando desejo de amêndoas com avelã, respirando esse cheiro de coisa de comer que seu corpo emana. Um mar nordestino nos espera, as mesas e cadeiras e comidas esperam nossos sorrisos bobos, nosso silêncio diante do pôr do sol, diante das águas ineditamente vistas aos nossos olhos. Na gaveta , protetor solar, creme de pentear, sabonete líquido, cartão de memória, vestidos , calcinhas novas, sorrisos esperando a cidade nova, o itinerário do transporte público que desconhecemos, as ruas anunciadas pelo google mapas, a paz de teu sorriso Iemanjá dissolvendo qualquer coisa feia. Já antevejo teu corpo naquele vestido branco que tu deslumbrou num dia de samba, branco contrastando com tua pele queimada de sal e sol, minha boca já é alegria de te pensar dona dos meus olhos , perdidos no encanto de tua doçura bruta,eles brincam às vezes apartados do que te sai da boca, escravos da harmonia que teu corpo é,veem tontos de fruição e mistério tua dança no mundo.
             Viver atenta aos teus passos no mundo, teus passos de quem carrega uma lua vermelha , assistir à sua luz dentro do corpo que faz ser quem é, escolher as cores e os panos que te cobrem as curvas, que escondem o que meus olhos gozam sob a luz do sol de manhã, entrando pela janela. Entrando pela janela ,descaradamente, o sol imperava afazeres domésticos, compras em açougues lotados ,em pontos de ônibus, em pontos de trabalho, enquanto dissolvidas no cansaço dos nossos cheiros nossos corpos preguiçosos: pernas enlaçadas, lençóis no chão, enquanto nosso tento tendia pela celebração das bocas, ungidas de sim, dizendo primaveras lilases nos ouvidos do mundo.
              Minha Preta, na linguagem num cabe o pedaço de mundo bonito que nossos olhos mergulham, signos ordenados assim, entre vírgulas e pontos não dizem do dengo de manhã, da manha nossa de cada dia, nem do nosso encontro.
             Nem Barthes nem Lacan, Manoel de Barros falaria melhor de nós, fosse preciso açucenaríamos um paralelepípedo, mas faremos mais, colocaremos uma rede verde para nossa varanda balançar nossa preguiça domingueira, nosso café preto de tarde, nosso encontro.
            Um dia na nossa pousada no cu do mundo, deixaremos uma parede para o Manoel de Barros encantar outros casais, nela ficará assim  "Esqueçam o que Lacan disse, Açucenem-se"