quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Morreram dois infelizes casados há 7 anos no quilômetro 7 da rodovia:
Há quatro semanas seus corpos eram estranhos na mesma cama,
Dormir com alguém que não desperta nem mais tesão é uma condenação de
infelicidade eterna.
Ela tinha amor por ele , o amor é a pior das heranças que um outro pode deixar,
Que deixasse seus chinelos, raiva ,ciúme mas amor é desumano
Amor é desumano, amor eles não mereciam.
Não deixaram filhos, deixaram poucas lágrimas, o que viveram já não vivia há quase dois anos, quando ela disse de um filme, foram ao cinema viram o filme inteiro sem movimentos nos olhos ou nas mãos, condenados a uma amizade brochante.
Se vestia com vontade de sair às ruas como nunca fizera no início, ela se deitava com livros de arte que não lia, sempre sentia tesão quando lia à noite, tinha os livros à mão mas não lia, pensava na distancia que abria espaço entre os dois, estavam morrendo "pensava", e estavam, tão desumano a morte de amor quanto o próprio amor, amor não é humano, sabe o qué é humano: Física, sexo, mordida, botão de flor, prego, pia , pedaço de pão,brinco,papel e letra.
Amor é ser Deus, tentativa vã, é fato, vã, de colher estrelas como flores. Amor é tudo que a gente vai procurar sempre.
Eles quiseram, cometeram amor e estavam condenados com as cicatrizes eternas das memórias, dos vínculos, o laço era nó na garganta seca dos dois. Amor que acaba é triste como música de Chico Buarque, dói mais que injeção de Voltarem.
Ele pisava o pé no acelerador quando ela ligou o som e colocou o CD preferido dele, ela foi pulando de música em música até colocar na música dos dois, olhavam um para o outro como há um tempo não acontecia quando não viram o caminhão vindo na contramão e os jogando num abismo eterno.