quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Feliz todo dia.

                      Feliz Flor.
Moça pisciana bonita, feliz ano novo, feliz todo dia, feliz sapatos novos e vermelhos em liquidação,lançamentos do Von Trier, edições novas de coisas da Clarice, Feliz feriados em praias , pousadas, praças e bares pelo mundo,pela cidade,feliz artigo pronto, aulas lindas,livros do Foucault, Barthes , do Derrida ( um dia a gente vai entender o que esse cara disse rs, fé). Feliz noites e noites de ousadias porque sua carne é de carnaval, feliz vontades, feliz amor, feliz paixão, feliz vida na intensidade dos olhos, feliz feiras livres , feiras hippies, feliz cafés e capuccinos e bolos de limão. Feliz novos escritos sobre as mulheres, feliz pesquisa tão linda e pertinente que tu inicia, feliz teu corpo tão encontrado na alegria.
Feliz dias ensolarados e da sua cor preferida: azul. Feliz aniversário.
Com carinho e tesão dessa tua moça de leão .
Eu tudo você.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

tudo é.

            Eu te tudo é substantivo e verbo que não cabe na sintaxe ordinária, não é o tudo ou nada absolutista e cartesiano das ciências e das religiões. É antes, é parte privada da nossa fala, tem a textura da nossa pele junta, tem a combustão dos nossos perfumes, tudo é nosso encontro,é meu quarto com sua presença do travesseiro à esteira, tudo é seus colares fazendo companhia aos meus brincos.Tudo são meus olhos inundados de seu rosto, transbordando tua cara nas minhas pupilas aumentadas para caber teus olhos miúdos e indecifráveis. Meu tudo é derramado em você em suor, saliva, gozo,comida, tudo é a espera da minha cintura pelos teus abraços fortes, é a escolha do esmalte, da calcinha, da salada, do bolo, da bebida, tudo é o sim do verbo.
           Não sei dos verbos nem dos pronomes conjugais, comungais nem se é de substância ou de verbo que o sangue vira filho.
          Do tudo dito tantas vezes com olhos repousados no seu corpo antes de seus olhos se abrirem dengosos e famintos, eu sei. Do tudo dito quebrando o silêncio de quando você chora,eu sei. Do tudo dito quando você é só luz, luz,luz e parece flutuar, eu sei.
         Do tudo cheio de urgência de quando você não está, desse eu sei mais ainda. Quando você não está tudo significa gritante aos meus ouvidos e vermelho aos meus olhos. Um silêncio de saudade toma minha boca e eu te tudo em cartas, mensagens,espera. Ajeito seus colares, descubro um casaco seu no meu cabide, leio guardanapo poetizada daquele dia de jazz na República, aprendo novas receitas, compro saias pensando nas suas mãos,leio poemas e você aparece dentro deles, faço café, gelatina, panquecas, procuro passagens, roteiros, procuro tuas mãos, procuro em todos os roteiros os teus sins. Eu procuro tua força estampada à agulha e tinta, e encontro, encontro quando você deixa, amolecida, meu silêncio tomar seu corpo em um abraço que quer a  comunhão dos olhos que juntos constroem um mundo. Um mundo de transbordamento onde, abandonada a semântica ordinária que a vaidade alimenta, os corpos querem um incêndio sem ruínas nem feridos.
        Eu te tudo é a parte mais bonita, mais dada, mais generosa, mais larga mais fica comigo,mais você vem hoje? Mais você gostou desse esmalte,mais quando você está eu fico tonta de tanto te querer, mais você fica linda gozando, mais viaja comigo pra Paranapiacaba?Mais viaja comigo para Paraty? Mais você vai comigo? Eu tô com medo, Mais eu quero namorar você.
       Eu te tudo é minha mão procurando a sua mesmo com medo da homofobia das cidades distantes, eu te tudo é a vontade de te ver realizando sonhos, é o desejo de voltar para o Hotel depois daquele sol nos abençoando em Itapuã, Eu te tudo também tem medo de você partir.
         Eu te tudo,Flor.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

viver.

             Não foi o câncer, nem a soma de tantos anos juntas, nem os holofotes sobre aquele enlace, foi a declaração de quem ficou, triste e sentenciosa: "foi-se o amor da minha vida".
             Os sentidos viram cilada quando um amor se ausenta pela eternidade, as roupas no guarda-roupa são a realidade palpável de que aquele amor existiu, andou e escolheu sapatos de cores sóbrias, não há produto de limpeza que dê conta do cheiro nos travesseiros e as músicas cessam, cessam. Um soluço será ouvido de madrugada e também às dez da manhã e o corpo cumprirá o ofício de lembrar o sexo, agora, tão carente quanto um homem em terra estrangeira pela primeira vez.
        Apenas um prato sobre a mesa, um ingresso, reserva para uma,passagem para uma, todos os guias abertos no computador são de  buscas pares, será necessário apagar o histórico e não comprar mais flores.Será preciso também evitar o tumulto alegre dos lugares cheios, será necessário não se matar.
        Mas tudo é das dores imaginadas, no fundo, deve ser bem pior.
É preciso viver,viajar e transbordar amor.