domingo, 27 de maio de 2012


                                                                      !!!


               Seu cheiro é de amora? Limão? Madeira? Eu esqueci dos lugares que costumávamos ir, de como era mesmo seu semblante, de como era nossa transa, de sua cores preferidas. Eu ando tão responsável ultimamente ( o que não me alega muito), falo pouco ultimamente ( o que me alegra demais). Quis lembrar seu semblante, pois perguntaram de você pra mim.
             Será isso lucidez? Porque a distância das relações ( sexualmente isso é péssimo) me faz enxergar traços impossíveis de serem vistos de perto .Envolvimento com o todo, agora, é uma desconfortável. O prazer do óbvio às vezes traz  um cansaço que nem sei dizer. Mas ainda tenho humor, isso tenho, quanta vida há nas ruas, sei que o recorte, a fotografia, esse meu olhar tem alguma ternura, ainda. No entanto , essa lucidez cega, em noites assim, essas  de lua bonita, eu costumava lembrar sua feição , de um boteco , daqui,de uma rua onde nem me reconheço, eu desconfio de tudo: os   corpos em conflito, o gozo,  a saliva . A minha calma ainda quer um olhar terno, não é uma frescura medieval e platônica. Suponho, com toda minha ignorância às ciências, que o corpo tem outras vontades além da mecânica, essas vontades que nos eternizam.
            À parte seu cheiro e seu semblante, eu bem sei o tanto , o bucado, o punhado de eternidade que você remexeu em minha alma, inconsciente, vida...Mas como é seu semblante?
Eu esqueci...
E agora?
Beber sem memória é esquisito.
              

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