quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

São Paulo, dia qualquer indo embora junto comigo.

Qual o veneno que acalma a dor dos ônibus cheios, das casas pequenas, do espaço que é sempre dos outros, aquela dor vazia que nem melodia de bossa-nova que não se justifica de tão desnecessária, aquele gole de cachaça descendo seco ...ainda seu espanto e desespero de ainda ver uma beleza inexplicavelmente inédita em rostos que nunca te dirão nada porque não se fazem possíveis e já fluíram lágrimas mais fundas que a distância entre as almas, as grandes misérias das pessoas que eram fortes e lindas, o luxo no meio do lixo, o lixo sentando nas cadeiras santas, suas retinas querendo te explicar o mundo, teu pão já sem café , tua coberta rasgando, seus becos maiores que a lua cheia, seus esmaltes secos e seu batom borrado, seu vestido sujo em que seu corpo mente, seus olhar gozando o espanto , o crime, a injustiça, o calor, o corpo e mais :o teu sangue ralo e sacro cheio de pulsação para A VIDA, se há ainda...Qual o veneno que acalma esse sorriso fácil por um olhar demorado , essa falta de verbo, esse pão de ver, esse não de andar para o sempre, essa negação quase louca das idéias comuns, esse cheiro de nada querendo corpo, comer o mundo e cuspir , cuspir logo em seguida porque tudo é muito adstringente e não sabe ainda engolir, as mãos em eterna fuga do seu corpo, o laço sempre impossível de seus sentidos, a mesa sempre vazia de flores, a saudade dos anos de menina, o erotismo impossível dos anos de mulher, a muralha de gente que atravessa em noites absurdas, as pessoas que nunca vai ver, todas as poesias impossíveis de se gozar, os lances sempre refeitos como uma maturidade que te ofende, numa previsão que te brocha...e ainda qual o veneno que acalma essas luas, essas, essa sensibilidade quase arrogante de não ser só instinto , sangue e carne?

Saudades fundas de quem um dia não vou ser, sem mais.

O Olhar já coordenava, antes.

4 comentários: