Natasha era assim...
Acordou sem saber onde e com quem, nada diferente da última semana, mês. Ano todo assim. Amava todos os meninos que lhe dissessem sim.
Seu corpo em êxtase.Sexo era mais do que importante para a moça, era a única coisa que lhe ligava a outra pessoa. Isso pode soar triste, mas não era .Havia uma felicidade primata em abrir as pernas sem pensar muito, era uma felicidade fácil e diminuia sua tensão diante do mundo.
Domingo, frio.Depois de quatro massos de cigarro e muita café expresso na padaria da esquina Natasha chora, volta pra casa.
Ri da sua angústia, lágrimas e cigarros e a noite chega. A moça sofre ainda. Não entende porque não segue em frente.
Não é simples ter um buraco no peito. O corpo segue feliz em tensão,contração,tesão. E a moça só precisa de um domingo frio pra perceber a solidão. Haja cigarro, haja cama, haja corpo pra que se revolte a alma em busca , Se o desespero de Natasha cessasse ,o soluço aos poucos parava e percebia que já tem o que de fato talvez nem mereça.
Olhos ternos,lindos, contemplativos fitam a moça. É uma cena bonita: olhar morno de afeto, mãos seguras, fortes , uma vontade de eternidade tudo flui do olhar dele, ela é só tesão e pressa, nem percebe. Transam, transam e transam. Se despedem, ela com pressa, ele com pesar. Trocam telefones, ele feliz, ela descrente.
No ônibus, de volta pra sua casa, ela se arrepende."Fiz novamente, quando vou dar meu telefone certo?!tentar" pensa.
A vida às vezes assusta tanto que o refúgio é uma dor já conhecida, chorada.
O medo evita a dor, mas penso que na maioria das vezes evita uma alegria possível.
Hoje Natasha continua abrindo as pernas sem pensar muito, frequenta uma psicóloga e acredita estar apaixonada por ela . A psicóloga, hétero,casada e mãe, ignora esse fato.
Natasha criou mais uma ilusão para chorar em domigos frios e novamente:Haja cigarro, haja cama, haja corpo pra que se revolte a alma em busca.