Dona Joana quis a vaidade de planejar um filho, e o sonho do filho próprio abriu-lhe em sangue, grito e placenta ,seu lugar no mundo.
Nascido em fevereiro,Augusto era mais alegoria que homem.Filho adulado de dona joana,ele levava a vida com a mesma alegria de quem passa uma catraca de metrô numa segunda-feira de manhã. Augusto não gostava de viajar e nem de pão francês,bebia chocolate quente todas as noites,e nunca perdera um dia de trabalho.Um dia esse rapaz saiu da rotina comum e feia,foi assim: atravessando uma esquina movimentada perto de um parque que nunca entrara, um exuberante ipê apareceu, assim como os anjos materializam-se (que nem nos filmes), e tomou tudo o que antes era vista de Augusto, tonto da beleza viva que o ipê atava ao seu itinerário,ele não viu quando uma bicicleta o atingiu, na queda depois da batida, ele ralou os cotovelos. Lúcia,florista,voltava da loja que Augusto nunca entraria não fosse um ipê amarelo luzindo amor na cidade.
Ele ficou uns dias afastados do trabalho, e Lúcia pôde apresentá-lo, numa tentativa de recuperar-lhe a queda,às flores mais macias e cheirosas de seu jardim.
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