domingo, 1 de janeiro de 2012

Calma, calma, calma. O abismo me parece inevitável.Se meus sentidos me enganassem eu acreditaria em todas as promessas noturnas .
Cansada, cansada, cansada. Se eu fizesse um filme para agredir seus ouvidos, sangrar essa sua pele bonitinha e cheirosa.Um filme onde o protagonista envolvesse o espectador em seu desespero e onde todos os personagens tivessem um grande buraco na testa e no fim ninguém de fato mudasse porque enxergaram a inutilidade do movimento contrário aos seus instintos ferozes e piedosos. Uma puta piedosa que não cobrava seus serviços aos miseráveis, chorava lágrimas quentes toda manhã por Henrique, um travesti de lábios grossos e vermelhos e caráter corrompido pela vaidade que lhe pedia peitos novos e bunda empinada. A puta foi mulher dos machos ordinários e seu dinheiro alimentava a vaidade de Henrique e também seu próprio gozo de comprar um corpo, comprar,comprar,comprar. Queria escrever uma história que arrancasse poesia do lixo hospitalar, o lixo hospitalar é o que mais fertiliza poesia: seringas sãs, sangue doente, sangue seco na ponta da agulha, algodão com secreções, nossos pedacinhos se fragmentando aos poucos , é muita poesia.Meus esmaltes também podem trazer uma poesia plástica com a acetona esterelizando minhas escolhas. E os cílios mais negros, o dente mordendo o lábio, o lábio lembrando a noite e a noite eternizada em insônia insana...a vida poderia ser um filme. Seríamos críticos dessa fotografia gritante, dessa puta vida!!!!!!!!!

4 comentários:

  1. vc me entende!!!! pode me curar? . a equação é. Tenho=? procuro =!,por medo= .

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  2. Esta história daria um bom filme. Acho que o interesse pelo que está à margem da sociedade e e das definições tradicionais de "beleza" e "arte" é uma das tônicas dos artistas de hoje. Mas confesso que fiquei surpreso vendo vc escrever com tanta agressividade. Aconteceu alguma coisa? Beijos.

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  3. Vou ler com mais calma o restante, mas esse foi a minha "primeira impressão". Gosto muito, muito.
    Toda essa "insanidade"(será?) que questiona vida, fatos e atos.
    Gosto da eloquência daqui.
    Bjs menina

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