quinta-feira, 9 de junho de 2016

Calor.

9 º C em São Paulo e as flores roxas sorriem rijas como meus mamilos quando encontram sua língua. O frio que congela minhas mãos e pés traz uma luz mais funda e dura no cimento de velhas calçadas da cidade, calçadas verdes de musgo e duras de lembranças esquecidas, quantos amores começados em beijos gelados de chope nas calçados e bares dos bairros boêmios. Esse frio me convida para dentro da sua saia, a meia calça preta escondendo suas coxas roliças acendem desejos e atiça a urgência das minhas mãos, a cidade hoje ficou coberta de homens e mulheres de tons graves, eu pensei no casaco que você possivelmente usou hoje, tentei adivinhar a cor, a textura e seu cheiro doce encontrando a gola do casaco onde seus cachos recém cortados exibem um brilho que dança junto com seus dentes. A cidade tomou um banho de luz fria hoje e eu tenho 90 redações para corrigir, mais de 4 números para ligar e uma bibliografia pra ler, mas nada disso é tão pleno, largo e fundo quanto esse tesão aceso ao mais simples vento que roça meu pescoço trazendo lembrança de teu hálito.

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