_Merda.Por que isso não para de pingar?. E apertava a torneira enquanto mordia o lábio inferior,pés descalços,cueca branca,corpo cabeludo todo em febre,mas a torneira,atorneira não parava de pingar.
Era sábado e como de costume,ela estava em sua cama.Impaciente,coçava a nuca esperando novamente que,com tanta demora,o tesão não acabasse.
Ele desistiu da torneira e à porta do quarto a olhava:Nua,pálida,boca vermelha e o olhar faminto nele.Pensava sacanagens infindáveis.
Tira a cueca branca joga sobre o computador velho,agora em cima dela não pensa.
Cansados e cúmplices se olham,se tocam.Ele ama quando ela usa essa maquiagem carregada;olhos realçados com lápis preto e batom vermelho vibrante e o olhar de puta que o incendeia.
Ela adora e insiste para que ele use cueca branca.Morde seu queixo,sente sua barba,morde sua coxa,olha seu cílio,curva do queixo,são olhos de menino.
Ele detesta Pablo Neruda.O livro está em cima do criado mudo,ele folheia o livro com intimidade,página 42,lê.
Ela de olhos fechados não pensa,sente as palavrase respira sua poesia preferida.
A torneira continuava pingando mas não ouviam.
Computador velho,um criado mudo,a cama,um livro.Na sala-cozinha;a torneira quebrada.No banheiro,pendurada atrás da porta,calça jeans,camiseta polo verde,calcinha preta,saia longa bege,blusa de manga comprida preta.e no chão um all star preto com meias brancas dentro,sandálias pretas.
O relógio de João precisa 17:00h.Trnsam novamente e se despedem,ele vai pra sua casa e sua família do outro lado da cidade.Ela fica,toma banho se veste e sai,vai ao mercado.Toma o metrô ,em casa prepara a comida,vê a novela e espera seu marido chegar.